quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ayrton Senna-18 anos




Neste 1º de maio, completam-se 18 anos da morte de Ayrton Senna. Muitos freqüentadores do Minilua são jovens e não devem se lembrar dele. Outros não devem saber tantos detalhes da vida dele quanto os que serão expostos nesta matéria talvez pela memória curta ou por realmente não saberem.
O meu objetivo nesta matéria é mostrar a vocês porque este homem é considerado até hoje um dos brasileiros mais influentes do país. Por que Schumacher, mesmo com os seus títulos, não o alcançou em termos de lenda automobilística ou por que Pelé, Ronaldo, Aurélio Miguel, Cesar Cielo, Anderson Silva e outros não podem ser comparados a ele. Vejam que antes dele ser corintiano, paulista, integrante de uma família rica ou qualquer outra coisa, ele foi uma pessoa… Uma incrível pessoa.




 Quem visse o filho de Milton e Neyde Senna que nasceu em 21/03/1960 quando era criança, não acreditaria na lenda que ele se tornaria o grande piloto que foi. O pequeno Beco como era chamado pelos pais era um garoto que apesar de ser de uma família rica, era generoso com as outras crianças emprestando seus brinquedos a elas – e as vezes, ficava olhando-as brincarem – e sua maior característica era a sua falta de coordenação motora: Ayrton era um canhoto (para sofrimento dos pais) atrapalhado, com canelas roxas e a testa cheia de galos. Era uma grande preocupação dos feirantes e sua mãe chegou a levá-lo a um neurologista para ver se ele tinha algum problema. O médico apenas constatou que ele tinha muita rapidez em executar o que queria – foi assim que ele quando criança, estava todo arrumado para ir a uma festa e entrou no carro correndo, deu uma cambalhota e caiu do outro lado, sujando-se em uma poça d’água – e que só lhe faltava precisão. Quando o pai dele o deu seu primeiro carro, um kart de motor de picadeira de cana de 3 cavalos de potência aos 4 anos de idade… Começava uma grande história.
Senna já dirigia muito bem e aos nove anos de idade participou de uma corrida. Mesmo com garotos mais velhos, ele garantiu sua pole position e a cinco voltas de sua primeira vitória, foi posto pra fora em um choque e seu pai o impediu de correr. Aos 12 anos, foi matriculado em uma academia de Judô e aquilo não deu certo: chegava atrasado na sala porque ficava correndo ou arrumava brigas para colocar em prática o que sabia de lutas. Milton não teve opção senão voltar a colocá-lo nas pistas (sem contar a pressão do garoto, pedindo por isto).
Voltou ao kart em 1973 e nesta modalidade, conheceu Terry Fullerton, que em uma entrevista do documentário “Senna”, de Asif Kapadia, apontou como o melhor piloto com qual competiu. Saiu de lá em 1980 e passou pela Fórmula Ford 1600 (81, onde foi campeão), Fórmula 2000 (82, também campeão com um recorde de 15 poles e 21 vitórias) e F3 (83, campeão com um recorde de 12 vitórias ao longo de 20 corridas).
Infelizmente, o que ele não pôde ganhar foi sorte em seu relacionamento com a namorada Lilian de Vasconcellos, a única com a qual se casara antes dos períodos de Fórmula 1 e se divorciou. A vida dos dois na Inglaterra era difícil em questões financeiras – Senna recusava pedir dinheiro aos pais e não queria que a esposa fizesse o mesmo – bem como questões de moradia. E acima de tudo, Ayrton era obcecado por correr e chegava a dormir em outra cama nas vésperas das corridas. O divórcio ocorreu em 1983.
Antes da modalidade que o consagrou, Senna foi obrigado a largar as pistas por dificuldades em lidar com patrocinadores e por ordem do pai que o pediu para assumir os negócios da família. O aborrecimento e a ajuda de um amigo da família, Armando Botelho, que ajudou com a parte burocrática da volta às pistas solucionaram tudo (ou quase tudo, como visto no parágrafo acima).
E assim entre todas estas idas e vindas, ganhos e perdas, Senna conseguiu seu contrato com a em 1984 na Fórmula 1.



 O começo de Senna na Fórmula 1 não foi fácil. O piloto chegou a dizer “quem fizer a primeira proposta me leva” e a Toleman não era uma grande equipe e nem tinha o melhor carro e em seu primeiro ano, conseguiu o nono lugar na tabela final de pontos e subir três vezes ao pódio (uma vez em segundo e duas vezes em terceiro). Parece pouco? Vendo por este aspecto, sim. Mas ser um novato nas pistas e ir escalando as posições no GP de Mônaco, um circuito difícil, até a segunda colocação e só não conseguir a primeira posição por interrupção da corrida (devido à chuva) não é pra qualquer um.
Já em 1985, na Lotus (motor Renault), Senna já despontava ainda mais: foi no GP de Estoril (Portugal) que conseguiu sua primeira pole position e sua primeira vitória (detalhe: com um minuto de vantagem sobre o primeiro colocado). A sua permanência nesta equipe lhe amadureceu o suficiente para conseguir o 4º lugar neste ano e no ano seguinte, além da terceira colocação em 1987.
Os meados deste ano também foram marcantes para Senna devido a uma brincadeira que terminou muito mal: Nelson Piquet havia espalhado o boato que Senna era homossexual e isto se alastrou no mundo da Fórmula 1 e no círculo das notícias sobre pessoas famosas. Ayrton teve que abdicar da companhia de um amigo e auxiliar, Américo Jacoto Júnior, que lhe fazia companhia e lhe prestava serviços. Foi uma época muito amarga na vida do piloto.
Já em 1988, Senna estava na McLaren (motor Honda) e tinha como parceiro o bicampeão Alain Prost, que se diferenciava dele por ser um piloto que prezava mais os pontos do que as vitórias. Alain “Professor” Prost quando precisava chegar em terceiro, fazia o possível para não sair desta colocação. Não competia pela segunda ou a primeira posição. Em suma, era um piloto tão bom quanto metódico quanto ao desempenho para conseguir o que queria.
Neste ano, a pressão sobre Senna era enorme. Ser de uma grande equipe e ter um dos melhores pilotos da época como parceiro significava ter que mostrar por que ele estava na Fórmula 1. Naquele ano, ele não podia dar desculpas.
                                                       

Foi no GP do Japão em 1988 que Senna devido a um problema no motor, começou a corrida em 14º colocado e foi aos poucos, chegando à primeira posição passando pelos outros adversários, encarando chuva e Prost e terminou a corrida ganhando o campeonato mundial de 1988.
Já em 1989, a rivalidade com Prost atingiu níveis extremos: quando não era o brasileiro que ganhava, era o francês. E no GP do Japão, tal rixa atingiu níveis extremos: na 46ª volta, durante uma tentativa de ultrapassagem de Senna, Prost (em diversas futuras entrevistas alegou que) ia fazer a curva para o lado direito, lado no qual o seu colega de equipe tentava a manobra, ato que resultou em uma colisão que tirou o francês da corrida. O brasileiro ainda conseguiu entrar na zona de manobras (Chicane Casio) sendo empurrado pelos japoneses, dirigiu até os boxes com o bico do carro quebrado e lá fez a troca, retomando a corrida e vencendo-a. Infelizmente, sua entrada na chicane foi considerada irregular e Senna foi desclassificado. E pela contagem de pontos, Alain Prost foi campeão mundial em 1989 e no ano seguinte, começaria sua carreira na Ferrari. Somando isto com o término de seu relacionamento com a apresentadora Xuxa, só podemos concluir que este foi um ano muito ruim na vida do piloto.



Em 1990, para muitos, foi o ano da vingança: se Prost não terminasse a penúltima corrida daquele ano que era o Grande Prêmio do Japão, Senna seria campeão. E mesmo com a pole position, o piloto brasileiro não ganhou direito ao lado mais usado da pista (por sua vez mais limpo e com maior tração) e teve que ficar com o lado mais menos usado (e por sua vez, mais sujo) enquanto o francês ficava com o seu lugar. E segundo as palavras de Senna:
 “Balestre [presidente da FIA, Federação Internacional Automobilística, compatriota e amigo de Alain Prost] influenciou a decisão. Eu sei disso. Nós sabemos disso.
O sistema ferrou comigo várias vezes. Aí hoje eu disse para mim mesmo. Hoje, de jeito nenhum.
Hoje é do meu jeito.”
E assim que foi dada a largada, Prost que estava em primeiro ia fazer uma curva para a direita quando a roda traseira do seu carro colidiu com a roda dianteira do carro do segundo colocado e ambos colidiram com a murada de pneus em um impacto impressionante.
E quem era este segundo colocado? Ayrton Senna




E com a colisão, Senna tornou-se bicampeão mundial de 1990.
O ano de 1991 foi marcante para Senna. Nigel Mansell, outro grande rival que pilotava pela Williams foi o seu grande adversário naquele ano (Prost foi dispensado pela Ferrari durante aquele ano, pelo excesso de divergências) e contava com motores mais potentes que os fornecidos ao brasileiro. Mas nada disto o impediu de suas duas grandes conquistas: a primeira foi a vitória no GP de Interlagos durante uma chuva e a poucas voltas do final, com o câmbio emperrado na sexta marcha, fazendo-o se esforçar tanto para dirigir que desmaiou ao término da corrida, com cãibras e sendo obrigado a tomar injeções de glicose e anti inflamatórios (Ayrton nunca havia vencido no Brasil até aquele ano) e a segunda foi  ter se tornado tricampeão mundial.

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